Taxa de desconto WACC no valuation: o que é e como calcular?

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No processo de avaliação de empresas muitos indicadores financeiros são utilizados para determinar o valor justo de um negócio. Um dos mais usados no mercado é a taxa de desconto WACC no valuation, que é usada no método Fluxo de Caixa Descontado (FCD ou “Discounted Cash Flows” ou DCF em inglês).

O valuation pelo Fluxo de Caixa descontado pelo nada mais é do que uma forma de medir o valor presente ou retorno sobre um investimento (na empresa como um todo) e entender se ele é realmente viável e rentável.

Essa taxa de desconto é usada para trazer os valores de caixa futuros para um valor presente. Entretanto, por não ser uma ciência exata, ela pode ser calculada de diversas formas. 

Hoje, vamos explicar melhor sobre o que é taxa de desconto no valuation, como funciona a WACC, suas aplicações práticas e, claro, como calcular esse indicador. Vamos lá?

Boa leitura!

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O QUE É A TAXA DE DESCONTO UTILIZADA NO VALUATION PELO DCF?

A taxa de desconto é um indicador que determina a equivalência de um valor futuro com um valor presente. Ou seja, ela pondera um valor estimado para os próximos anos com o atual e encontra o custo de capital vigente. Por isso, ela é muito usada em análise de retorno sobre investimentos para compra e venda de empresas.

Essa taxa pode ser calculada de diversas formas. Uma das mais valorizadas e utilizadas no mercado financeiro é o WACC, que, em inglês, significa Weighted Average Cost of Capital que, em português, é traduzido como Custo Médio Ponderado do Custo do Capital.

A taxa de desconto WACC é peça fundamental do método de valuation Fluxo de Caixa Descontado (FDC), que também é um dos mais reconhecidos no mercado.

O objetivo principal do FCD é determinar a capacidade de uma empresa dar lucro nos próximos anos e analisar se a compra da companhia será rentável a longo prazo.

Mas, para que o valor seja corretamente calculado, é essencial descobrir a equivalência entre os fluxos de caixa futuros e os fluxos de caixa no momento presente, para assim conseguirmos compará-los adequadamente. 

Para mais detalhes sobre o valuation pelo DCF, sugerimos a leitura deste artigo:

Para conhecer as 3 principais metodologias de valuation de sociedades, apenas ler este artigo:

Mas, o que é custo de capital (de terceiros e próprio) de uma empresa?

O custo de capital (de terceiros e próprio) de uma empresa pode ser entendido de algumas maneiras distintas. De acordo com o guia da metodologia de cálculo do WACC do Governo Federal, ele é definido como:

  • taxa de demanda da empresa pelas suas fontes de capital;
  • taxa mínima de retorno que os projetos de investimentos da empresa devem obter;
  • taxa de desconto utilizada para converter o valor esperado de fluxos de caixa futuros em valor presente;
  • taxa de retorno usada para a diretoria aceitar ou não um projeto/investimento.

QUAL A COMPOSIÇÃO DO CAPITAL E, PORTANTO, DO TAXA DE DESCONTO DE UMA SOCIEDADE?

O capital de um negócio é composto por:

  • capital de terceiros (empréstimos) e
  • capital próprio (recursos da sociedade).

Portanto o custo de capital da empresa, representa uma média ponderada entre:

  • o custo do capital de terceiros ou da dívida e
  • o custo do capital próprio

Eis o motivo pelo qual a metodologia de cálculo da taxa de desconto tem como nome “Custo Médio Ponderado do Capital” ou “Weighted Average Cost of Capital” em inglês ou simplesmente WACC.

PORQUE PRECISAMOS USAR A TAXA DE DESCONTO OU CUSTO DE CAPITAL NO VALUATION PELO DCF?

A taxa de desconto WACC é utilizada no método do Fluxo de Caixa Descontado para calcular o valuation de uma organização.

A lógica do FCD é muito simples: uma empresa vale no momento presente o valor presente do que no futuro será capaz de gerar de caixa.

Quer dizer: o valor presente dos fluxos de caixa futuros.

Portanto, é necessário, a fim de comparação, que esses fluxos de caixa futuros sejam atualizados para o momento presente. E é justamente esse o papel do WACC.

Esse indicador funciona como um valor mínimo aceitável de retorno sobre o investimento. 

Se o WACC for alto, maior do que o retorno, significa que o investimento está perdendo valor e é mais arriscado. Isto é: essa taxa é um termômetro da saúde financeira de um negócio.

Taxa de desconto WACC no valuation

QUAIS OUTROS USOS PRÁTICOS TEM A TAXA DE DESCONTO OU CUSTO DO CAPITAL?

A taxa de desconto pode também ser definida como a taxa mínima de retorno em qualquer tipo de investimento.

Dessa forma, a taxa de desconto WACC no valuation:

  • mede a atratividade mínima do investimento;
  • mensura o nível de risco;
  • permite comparar fluxos de caixa gerados em momentos diferentes
  • pode ser usada para descontar a valor presente os fluxos de caixa futuros para determinar o valor de mercado de uma empresa.

Afinal, ao saber qual será o retorno mínimo, é possível identificar se a compra de um negócio é segura ou se possui muitos riscos, tornando-a atrativa ou não.

Essa taxa também pode ser utilizada para:

  • avaliar ações ou outros títulos da bolsa de valores,
  • investigar o andamento de projetos internos,
  • acompanhar a qualidade dos investimentos feitos por gestores,
  • pedir empréstimos corporativos,
  • etc

Leia também:

COMO CALCULAR A TAXA DE DESCONTO NO VALUATION PELO MODELO WACC?

A taxa WACC possui uma fórmula que inclui as fontes provenientes do capital investido na empresa, que podem ser externas ou internas, e ainda sua dívida e seu patrimônio líquido:

  • WACC = Kd * D/(D+E) * (1- T) + Ke * E/(D+E)

Sendo:

  • D: valor total da dívida;
  • E: patrimônio líquido da empresa;
  • T: taxa média do imposto sobre o lucro;
  • Kd: custo do capital de fonte externa (dívidas com bancos e outros investidores);
  • Ke: custo do capital do capital próprio (dos acionistas que aplicam dinheiro próprio na empresa);
  • E/(D+E): representa a proporção do capital relacionado ao patrimônio líquido;
  • D/(D+E): representa proporção do capital relacionado à dívida.

Entenda melhor sobre cada detalhe desse cálculo.

Divida (D)

No modelo WACC precisamos utilizar a dívida total da empresa, de curto e longo prazo, sobre a qual a empresa paga juros.

Normalmente esse cálculo exclui a dívida com fornecedores.

Patrimônio Líquido (E)

De forma simples, o patrimônio líquido nada mais é do que a subtração de todos os ativos da empresa pelo seus passivos (dívidas) em um determinado período de tempo:

  • Patrimônio líquido = Ativos – Passivos

Impostos sobre o lucro (T) – apenas para empresas no lucro real

Quando uma empresa está no lucro real, o custo da dívida é menor do que os juros pagos aos credores.

Porque?

Porque as empresas no lucro real conseguem deduzir esses juros como despesa e assim pagar menor impostos.

Para tomar em conta esse efeito, apenas para empresas no lucro real, precisamos usar a taxa de impostos sobre o lucro.

Custo do Capital de Terceiros ou custo da Dívida (Kd)

Já o custo do capital recebido por terceiros é mais fácil de calcular, já que é tudo documentado e contabilizado, incluindo as taxas de juros.

O Kd é calculado pela seguinte fórmula:

  • Kd = (Despesa financeira – JCP) / Dívida bruta

Sendo que:

  • Despesa financeira: juros de empréstimos feitos e registrados na DRE do negócio;
  • JCP: juros sobre capital próprio (usados para distribuir lucro entre seus sócios);
  • Dívida bruta: todas as obrigações corporativas adquiridas a curto, médio e longo prazo.

Custo do Capital do Capital Próprio (Ke) – Modelo CAPM

O custo do capital próprio pode ser calculado usando o Modelo de Precificação de Ativos Financeiros, mais conhecido mundialmente pela sigla em inglês CAPM (“Capital Asset Pricing Model“), é utilizado em finanças para determinar a taxa de retorno teórica apropriada de um determinado ativo em relação a uma carteira de mercado perfeitamente diversificada.

A fórmula usada para definir o Ke é:

  • Ke = Rf + Beta * (Rm – Rf)

Sendo que:

  • Rf: retorno dos ativos sem risco;
  • Beta: sensibilidade do mercado que analisa a volatilidade de títulos da empresa e seus riscos quando comparados aos demais do mercado.
  • Rm: taxa de mercado do ativo (normalmente a usada é o Ibovespa).
  • (Rm – Rf) representa o Prêmio pelo Risco do mercado. Rm é o retorno de mercado exigido acima do retorno livre de risco para compensar o risco do mercado.
  • Beta * (Rm – Rf) representa o Prêmio pelo Risco da empresa. Beta * (Rm – Rf) é o diferencial de retorno versus Rf exigido ao título da empresa para compensar seu risco.
Modelo CAPM para cálculo do custo do capital próprio do WACC

O que é o Beta dos títulos de uma empresa?

O beta é uma medida da volatilidade dos títulos de uma empresa, que pode ser calculada estatisticamente a partir de milhares de eventos de aumento e de queda.

A maior beta maior volatilidade/ risco:

  • Caso o Beta for 1, o risco/volatilidade da empresa é o mesmo do que o mercado. Se a bolsa aumenta de valor 10%, os títulos da empresa deverão aumentar de valor, na média, 10%. Em caso de queda de 10%, a queda dos títulos também será, na média, de 10%..
  • Se o Beta for 0,8 e a bolsa aumentar um 10%, os títulos da empresa deverão aumentar de valor, na média, 8%. Já se a bolsa cair 10%, os títulos da empresa deverão cair, na média, 8%. Quando o beta é menor do que 1, o risco/volatilidade da empresa é menor do que o mercado.
  • Se o Beta for 1,2 e a bolsa aumentar 10%, os títulos da empresa deverão aumentar, na média, 12%. Já se a bolsa cair 10%, os títulos da empresa deverão cair, na média, 12%. Quando o Beta é maior do que 1, o risco/volatilidade da empresa é maior do que o mercado.

Como usar o modelo CAPM na prática usando dados de EUA?

Para calcular o custo de capital próprio (Ke) usando dados de EUA, apenas usar esta fórmula:

Ke = Rf + Beta * (Rm – Rf) + PrBr

Sendo PrBr o “Premio de Risco Brasil”.

Rf pode ser calculado como o retorno médio do últimos anos do bond USA, usando os valores que podem ser obtidos neste link: US 30 years bond – historical data

Rm – Rf, o premio do mercado, pode ser calculado como o premio médio dos últimos anos do “S&P500“, usando os valores que podem ser obtidos neste link: preços e dados históricos das ações do S&P 500 ETF

Beta, pode ser obtido a partir do Beta de um setor de USA equivalente ao Brasileiro, usando dados deste link: Betas USA S&P 500

PrBr, pode ser obtido usando os dados deste link: Risco Brasil / Ipea data

Como usar o modelo CAPM na prática usando dados do Brasil?

Para calculas Ke a partir de dados de B3, apenas usar o fórmula que explicamos previamente:

Ke = Rf + Beta * (Rm – Rf)

Rf pode ser calculado usando a média do retorno médio dos últimos anos dos títulos do tesouro Brasileiro (ex: NTNB), que poder ser obtidos usando este link: tesouro direto – histórico de preços e taxas

Beta pode ser obtido a partir do Beta de um setor de USA equivalente ao Brasileiro, usando dados deste link: Betas USA S&P 500. OBS: desconhecemos dados públicos sobre o beta dos setores das empresas da B3, sendo que podemos assumir que os Betas de um setores do S&P 500 não são muito diferentes do que os Betas dos mesmos setores da B3

RM – Rf: poder ser calculado a partir dos premio dos retornos anuais da B3 versus os retornos anuais dos títulos do tesouro usados para calcular Rf. Os retornos da B3 dos últimos anos podem ser obtidos a partir deste link: variação anual IBOV

Como usar o modelo CAPM na prática para títulos de empresas de capital fechado?

Os parâmetros beta e risco do mercado do modelo CAPM são obtidos de empresas de capital aberto.

Entretanto as empresas de capital fechado sofrem um deságio de valor versus as empresas de capital aberto. Existem vários motivos para este fato: menor liquidez de seus títulos, menor transparência, menor nível de governança, etc.

Existe um estudo acadêmico que calculou este deságio em 20-30%.

Em suma: o investidor em uma empresa de capital fechado exige um retorno maior do que o investidor em um empresa de capital aberto.

Na prática, para usar o modelo CAPM para empresas de capital fechado, devemos ajustar o Ke exigindo um retorno superior. Esse retorno superior pode ser calculado usando a fórmula da perpetuidade, e ajustando a TIR para que o valor seja um 20-30% inferior.

Você terá percebido que os especialistas do mercado de fusões e aquisições usam muito termos específicos. Ex: Road-Show, Valuation, Earn-Out, Escrow Account, Enterprise Value, Shareholder Value, WACC, Discounted Cash Flows, Valor Terminal, EBITDA, Free Cash Flow, Fairness Opinion, Sinergia, Info Memo, Teaser, Due Diligence, LOI, MoU, NBO, BO

Para saber mais sobre os principais termos de M&A pode ler o artigo:

NA PRÁTICA: COMO USAR O WACC PARA AVALIAR UMA EMPRESA PELO DCF

O fluxograma de abaixo explica de uma forma muito resumida os 10 passos para calcular o valor de uma empresa usando o DCF:

  • Diagnóstico Inicial (situação atual)
  • Determinação de Premissas/ Cenários de avaliação da empresa (situação futura).
  • Projeções de Fluxos de Caixa Futuros
  • Cálculo do Valor Residual do FCD
  • Cálculo da taxa de desconto do DCF
  • Valor da Empresa ou “Enterprise Value”.
  • Cálculo da “Dívida Liquida”.
  • Cálculo do “Shareholder Value” ou “Valor do Acionista.
  • Análise de resultados e reavaliação de premissas.
  • Apresentação formal do valuation (“laudo de avaliação” da empresa)
Avaliação de Empresas Compra DCF

Para mais detalhes sobre esses 10 passos de avaliação pelo FCD sugerimos a leitura deste artigo:

NA PRÁTICA: COMO USAR O WACC PARA AVALIAR A RENTABILIDADE DA EMPRESA

Para exemplificar um pouco melhor, vamos supor que um negócio tenha uma taxa de retorno de 18% e o WACC de 10%. Logo, a companhia gera 8% de retorno sobre cada real investido na empresa. O que é bom sinal!

Mas, caso o WACC seja maior do que a taxa de retorno, pode-se indicar que a empresa está perdendo valor para os seus acionistas e algo precisa ser modificado para levar seu o valuation final e, claro, se tornar mais atrativa para compra.

CONSULTORIA CAPITAL INVEST – M&A ADVISORS

O Valuation de uma empresa, envolvida em uma negociação de M&A envolve um conjunto de técnicas e expertise em finanças e fusões e aquisições. Contar com uma assessoria especializada em M&A, com profissionais renomados que conheçam o mercado de M&A, e com vasta experiência negocial, o ajudará a avaliar corretamente a sua empresa, e posteriormente negociar o melhor valor de compra venda.

Nós da CAPITAL INVEST – M&A Advisors somos uma consultoria especializada em M&A que soma mais de R$ 20 bilhões em fusões e aquisições, compra e venda de sociedades em funcionamento, ao longo de mais de duas décadas.

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Também podemos te ajudar a selecionar, calcular o valor e comprar uma empresa de forma profissional com o intuito de diminuir riscos e garantir um bom valor.

Nosso foco é a prestação de serviços de assessoria em avaliação de sociedades, venda e  compra de empresas médias ou grandes: i) de receita bruta anual entre R$20 milhões e R$2 bilhões, ii) com lucro líquido positivo, e iii) (idealmente) com boas perspectivas de crescimento.

Se este for o perfil da sua empresa, ou da empresa que procura avaliar ou adquirir, entre em contato conosco através deste formulário, que nós podemos te ajudar nesse processo!

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Diego Dutra

DIEGO DUTRA

Este conteúdo foi elaborado pelo time de especialistas da  CAPITAL INVEST – M&A Advisors, assessores financeiros com até 40 anos de experiência em compra, venda e valuation de empresas.


Na CAPITAL INVEST – M&A Advisors, assessoramos financeiramente no valuationcompra, e venda profissional de empresas médias ou grandes: i) de receita anual entre R$20 milhões e R$2 bilhões, e ii) com lucro líquido positivo, para avaliar e/ou comprar e/ou vender sua empresa no Brasil ou no Exterior.

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